Desastre em Mariana

Como ocorreu o desastre

Uma das barragens da mineradora Samarco mineradora brasileira, administrada por meio de um empreendimento em conjunto entre a Vale S. A. e a BHP Billiton, localizada no distrito de Bento Rodrigues, próximo ao município de Mariana – MG, rompeu no dia 5 de novembro de 2015. A barragem de Fundão retinha depósitos de rejeitos de minério e água, acumulando uma imensa coluna de barro. "Com a altura de um edifício de 30 andares e contendo um volume suficiente para encher 47 Maracanãs, a barragem foi a maior estrutura do tipo que já se rompeu até hoje" (The Wall Strett Journal). Ao desmoronar, a lama desceu sobre a barragem de Santarém, situada logo abaixo. A soma dos rejeitos das duas barragens gerou um "mar" de lama.

Observe os esquemas abaixo representando as o rompimento das barragens da mineradora Samarco.

O caminho da Lama

Em poucos minutos, milhares de toneladas de lama tóxica alcançaram o distrito de Bento Rodrigues, que possuía um pouco mais de 600 habitantes, destruindo completamente o local.

Em horas, a lama se alastrou, soterrando casas do distrito de Paracatu de Baixo. A lama tóxica também atingiu outros distritos rurais vizinhos como Barra Longa, causando igualmente a destruição das plantações e atingido a área central do município.
Embora a lama somente tenha chegado a Barra Longa catorze horas depois do rompimento da barragem, a população desta cidade tampouco foi comunicada em tempo hábil de salvar objetos e
bens de suas casas. A lama destruiu casas, igrejas, escolas, currais, pontes, plantações e criações.

Confira abaixo a galeria de imagens da destruição causada pelo fluxo de lama:

IMAGENS DE BENTO RODRIGUES (ANTES E DEPOIS)

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Contaminação do Rio Doce

O percurso da lama continuou com intensidade, atingindo o Rio Doce e todos os municípios cortados por ele entre os estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Cerca de 3,2 milhões de pessoas residem na bacia do Rio Doce (uma bacia hidrográfica quase do tamanho de Portugal que é muito importante na região). A lama atingiu diversos córregos e cursos d'água que formam os rios Gualaxo do Norte e rio do Carmo, alcançando e arrasando completamente estes dois rios, que são importantes afluentes do Rio Doce. Por onde a lama passou contaminou a água tornando-a imprópria para uso em irrigação e consumo animal e humano, além de destruir a vida aquática.

A lama continuou avançando no leito do Rio Doce, percorrendo cerca de 600 km, até desaguar 17 dias depois na sua foz localizada na na praia de Regência, em Linhares (ES), foz do rio Doce.

O percurso da lama pela bacia do Rio Doce é representado nas imagens abaixo:

Percurso da lama

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Mapa disponibilizado pela empresa Samarco

Foz do Rio Doce

Momento em que a lama desaguou no Oceano Atlântico na praia de Regência (ES)

Percurso da lama

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O que a lama deixou

Diante de tantos impactos que a enxurrada de lama da barragem de rejeitos do Fundão causou, seja no sentido ambiental, social ou econômico, levanta-se o questionamento sobre a irresponsabilidade social da Samarco (Vale/BHP) que foram responsável pelas 19 mortes (oficialmente). E também evidencia o desrespeito aos direitos humanos, culturais e ambientais.

A tragédia causou muito mais do que prejuízos econômicos que destruíram estruturas físicas: casas, comércios, escola, igrejas, terrenos, plantações, monumentos. A torrente de lama causou perdas inestimáveis e trouxe consigo um enorme desrespeito à vida, à identidade, à cultura, à natureza, ao patrimônio das pessoas que ali viviam. Os moradores do distrito tinham uma história com o lugar, construída por longos anos, carregada de afetos, significados e sentimento de pertencimento. Para muitos ali, era difícil imaginar a vida fora do distrito. Traduzir esses valores é uma tarefa difícil, uma vez que estamos discutindo as perdas imateriais, que não podem ser palpadas, nem substituídas.

Fortalecendo a campanha #NãoEsqueçaMariana é importante continuar discutindo sobre o desastre e ter empatia pelas vítimas. Os vídeos abaixo fortalecem esse princípio.